As malharias de Jacutinga (MG) abastecem principalmente as regiões Sul e Sudeste do Brasil. Segundo a Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Jacutinga (Acija), a cidade é responsável por 16,7% da produção nacional.
“80% da produção de Jacutinga é comercializada na região Sul e Sudeste, atendendo boa parte do Centro Oeste também, em determinada época do ano. Cerca de 800 mil malhas são produzidas todos os meses em Jacutinga, totalizando um volume de quase 10 milhões de peças anualmente”, disse o vice-presidente da Acija, José Norberto.
A produção de malhas movimenta a economia e a geração de empregos no município, que conforme o IBGE, tem 25.684 habitantes. Segundo estimativas da associação local, as malharias hoje empregam pelo menos 4 mil pessoas na cidade.
Empreendedorismo
Ana Gonçalves começou fazendo crochê a mão e vendendo no comércio da cidade de Jacutinga, em 1995 resolveu abrir uma empresa própria que, atualmente, gera cerca de 70 empregos diretos e indiretos. O número de funcionários aumenta durante o outono/inverno, que é quando a produção cresce consideravelmente.
“Nossa malharia tem máquinas que fazem peças sem costura, nós tentamos seguir as tendências de moda para melhor atender os clientes que temos em todo o Brasil”, afirmou a empresária.
Carlos Dias do Prado Neto é diretor de uma malharia em Jacutinga, que todo mês abastece outras regiões do Brasil, como o Sul e o Sudeste. No verão, o empreendimento consegue atender o Centro Oeste e Nordeste também com a coleção primavera/verão.
“Cerca de 50 mil peças são colocadas à vendas na lojas de atacado e varejo de outras regiões do Brasil. Hoje, nossa empresa gera 140 empregos diretos e aproximadamente 80 indiretos. Quando começamos a empreender no início dos anos 2000, nossa principal atividade era o varejo e atacado para a região do Estado de São Paulo. Hoje em dia, vendemos para magazines de todo o Brasil”, disse.
Dificuldades para exportação
Hoje o foco da produção em Jacutinga é o mercado nacional, já que segundo a Associação Comercial de Jacutinga, alguns fatores como os preços do maquinário, energia elétrica e fios dificultam a concorrência com o mercado internacional.
Hoje, apenas uma malharia da cidade, que trabalha com peças diferenciadas, que misturam tecidos com tricô. As peças, voltadas para o público de alto padrão, chega hoje a 15 países.
“Vários fatores fizeram que o nosso trabalho continuasse no mercado estrangeiro. Temos que cada vez mais humanizar a marca e eu procuro levar esse lema tanto para a lojista quanto para a cliente final. Para isso, me tornei acessível e conhecida das nossas clientes, tendo um relacionamento próximo com elas. Também estou sempre presente nas feiras do exterior, nossos produtos têm ‘DNA’, são originais e têm história. A simpatia do brasileiro e o carinho com que fazemos o nosso trabalho cativa o cliente internacional”, diz a estilista Cecília Prado.
Segundo o diretor comercial da marca, que já existe há 20 anos, a empresa começou a vender seus produtos para outros países em pequena escola foi crescendo aos poucos. Conforme o diretor, a diferença das estações e do clima no hemisfério sul e norte é uma das dificuldades encontradas pelos produtores brasileiros, já que enquanto é verão no Brasil, na Europa, Estados Unidos e Oriente Médio é inverno.
“Esses fatores atrapalham o sucesso da nossa marca no mercado fora do Brasil, mas a gente consegue driblar esses obstáculos, por meio de criatividade, originalidade e produtos diferenciados. Todos os meses, produzimos milhares de peças e 75% da nossa produção é exportada para vendas no atacado dos Estados Unidos, Ásia, Europa e Oriente Médio”, disse Lourenço Bartholomei.