Doações de alimentos e dinheiro têm ajudado o Hospital Samuel Libânio, em Pouso Alegre (MG), a manter os atendimentos aos pacientes. Sem regularização dos repasses do governo do Estado, que já chega a R$ 40 milhões, o hospital está em crise há quase 1 ano.
Hoje a média diária de consumo de leite do hospital é de 220 litros. A unidade também serve 1,2 mil refeições por dia. No último mês, parte do leite foi arrecadado em um jogo de futebol americano.
“A gente fez essa opção do leite porque é um alimento que a gente consegue estocar e armazenar fora de refrigeração. Então a gente pede em todos os eventos, em todos os jogos, para que a pessoa além do ingresso, ela esteja compartilhando e ajudando essa instituição tão importante para a nossa região com um litro de leite, pode ser desnatado, integral, porque aqui no hospital todo leite que chega tem a sua utilidade”, disse o representante do time, Osmir Tavares.
Hoje as doações de alimentos representam até 30% da despesa com alimentação básica dos pacientes. Isso serve para equilibrar as contas, já que a estimativa da administração da unidade é que o Estado deve R$ 40 milhões em repasses.
Com a crise, até funcionários se mobilizaram e têm arrecadado alimentos em outras cidades para doar ao hospital.
“Todo mundo precisa desse hospital, se esse hospital fechar não sei o que vai ser da gente, não por eu ser funcionária, mas sim por precisar da saúde, porque esse hospital é o único que tem recurso. Por ser de uma cidade pequena, a gente percebe que não tem o recurso adequado, não tem um médico ali sempre para fazer o exame, aqui tem”, disse a auxiliar de farmácia Quelem Cristine Moreira de Oliveira.

O Hospital Samuel Libânio atende 153 cidades. Um morador de Bom Repouso (MG) parou de trabalhar por dois meses para organizar uma festa. O evento arrecadou quase R$ 300 mil para o hospital.
“Nós queremos dar um exemplo, para ver se todo lugar ajudasse como a gente está ajudando não precisava ser desse jeito, se todos os municípios ajudassem ficava uma coisa mais tranquila”, disse o caminhoneiro Benedito Andrade dos Santos.
Apesar do alívio das doações, os problemas continuam. O pronto-socorro está sempre lotado. A enfermeira precisa aplicar medicação em uma cadeira. Macas se espalham pelo corredor. Sem os repasses do estado, não há como ampliar a estrutura.
A administração diz que a situação está no limite e pode até ter que priorizar pacientes.
“A grande preocupação nossa é nós termos que eleger procedimentos, porque hoje o hospital acolhe todo mundo que bate à nossa porta, mas se a crise continuar dessa forma nós vamos ter que começar a priorizar atendimentos e muitas vezes vamos deixar de prestar um atendimento que hoje é prestado pela falta desses recursos”, disse o presidente da Fundação Hospitalar, José Walter de Mota Matos.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde informou que neste ano já repassou ao hospital mais de R$ 900 mil. Sobre os repasses em atraso, disse que está buscando soluções para fazer os pagamentos.